Minidoc "A Rima Que Liberta" apresenta recorte sobre a atuação das mulheres no Rap carioca

Salve, família! A Batalha das Musas ontem foi incrível... o Festival de Graffiti foi lindo, máximo respeito a todxs que  deram as mãos para um verdadeiro trabalho de resignificação do lugar. A Rua José Figueiredo, em Niterói (RJ) se transformou em um museu a céu aberto! Em breve iremos publicar aqui no blog como foi a nossa edição de encerramento da temporada 2018. Fotos e vídeos nos próximos dias, aguardem... Agora, já tem registros de ontem na página do evento! Aproveitamos para agradecer a Rede Globo pelo convite, fechamos o ano com chave de ouro. 



Mas, vamos ao que nos trouxe até aqui hoje: "A rima que liberta"... Tema na última edição da Batalha das Musas, o minidoc aborda uma série de questões críticas, com cenas inéditas e depoimentos de mulheres que participam na Batalha das Musas e no Slam das Minas. O filme foi exibido em um brainstorming com a equipe especialmente para a nossa edição no IMS Rio (Instituto Moreira Salles) funcionando como um gatilho para as MC's. 

Vale dizer que a Batalha das Musas é  um jogo, mas um jogo que tem como objetivo amenizar a carga de competição entre as mulheres. A partir da cooperação e da ajuda mútua, esperamos fortalecer a atuação delas na cena de um modo geral, e, com isso, esperamos que elas possam ocupar cada vez mais espaços de protagonismo dentro e fora da Cultura Hip Hop.

Nathalia D'lira apresenta a Batalha das Musas no Festival de Graffiti Globo Arte na Rua.

É importante lembrar que estamos em plena temporada de Seletivas para o Duelo de MC's Nacional 2018, inclusive  hoje acontece na Rocinha a etapa Final do Grupo F (que reúne os quatro estados do Sudeste: RJ, SP, BH, ES). Cada estado será representado por dois MC's, e adivinha quantas mulheres se classificaram?... 

Se você pensou nenhuma acertou. Nesse ano, mais uma vez, a decisão no RJ para eleger as melhores rimas do estado não incluiu as mulheres. 

MC's campeões classificados para o Duelo de MC's Nacional 2016/Foto: Pablo Bernardo - Indie BH

Esse quadro de desigualdade no Rap poderia até nos levar à dúvida sobre a nossa própria capacidade, se não fosse por eventos como a Batalha das Musas, que mostram o quanto elas são competentes e viscerais no freestyle, uma batalha de alto nível com rimas tão boas ou além de qualquer etapa classificatória para o tão sonhado Nacional em Minas Gerais, ou qualquer outro campeonato. 

A Mestra de Cerimônias, poeta e produtora cultural Nathalia D'lira participa na Batalha das Musas./Foto: Michelle Castilho - Circo Voador

Então fica no ar a pergunta: por que as mulheres não estão classificadas para subir no palco do Viaduto Santa Tereza em BH...?? Onde elas cabem nessa disputa que é também uma das maiores batalhas de MC's do mundo?!... Os anos estão passando e continuamos a ver 16 MC's classificados (quase sempre todos homens ou meninos)... O que acontece para que as mulheres não passem das finais nos circuitos tradicionais das chamadas "batalhas de sangue"?... 

Lembrando que na primeira edição  do Duelo de MC's Nacional, em 2012, uma mulher (Mirapotira) chegou na Final junto com o Campeão Douglas Din. Bárbara Sweet, Clara Lima (MG) e Negra Rê (RJ) também são referências do freestyle em batalhas de sangue, além de muitas outras.

É de conhecimento geral que o coletivo organizador do Duelo de MC's trabalha no sentido  de democratizar o acesso a uma diversidade cada vez maior de participantes. Procure saber...



Desde 2016 o circuito de seletivas no RJ é coordenado pela mesma produtora da Batalha das Musas, Aline Pereira. Foi durante o trabalho de articulação e mapeamento das rodas culturais do estado que a produtora identificou o problema com mais clareza em  toda a sua gravidade. Quando a mulher conquista o poder de decidir, a sociedade machista se movimenta para desqualificar as suas decisões. 

Quem ama e conhece o freestyle compreende que em termos de conteúdo a cena está cada vez mais submetida às necessidades do mercado, o que interfere na temática das rimas. O conflito é  evidente nas letras, pois estamos falando de uma competição em que só existe lugar para um vencedor, e, em tempos de crise estão matando e morrendo por um lugar ao sol. 

O filme "A Rima Que Liberta" resgata a visão das mulheres da cena atual sobre esse cenário hostil e quais as alternativas que estão sendo criadas para formar novos espaços de escuta da voz delas. A direção acertou em cheio e fez um filme emocionante. Assistam!



Dúvidas? Sugestões para o aprimoramento da Batalha das Musas? mande um email para batalhadasmusas@gmail.com



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