Batalha das Musas (6ª edição)... Como foi?

Negra Rê compareceu à Batalha das Musas no MAR (Foto: Isabella Madrugada)

Salve! Aline falando aqui, tudo bem?... espero que sim. Gostaria de apresentar um pouco da minha visão sobre o dia 02 de dezembro no MAR - Museu de Arte do Rio. Mesmo vivendo tempos difíceis, com um cenário político obscuro e toda a crise econômica, estamos firmes. No Rio de Janeiro, a Batalha das Musas é hoje o único projeto nesse formato batalha de rimas com temas, feito especialmente por mulheres. Em primeiro lugar, a proposta é levantar reflexões, para que nós mulheres possamos criar novos espaços de manifestação da nossa verdade no mundo.

Além das surpresas que só um evento mágico como a Batalha das Musas pode oferecer, na última edição do ano de 2017 ficou evidente o fortalecimento do senso de equipe. Com a apresentadora Samantha Zen e a DJ Andrea Mafer, a Batalha das Musas está construindo uma equipe cada vez mais forte, entrosada e criativa, capaz de levantar soluções e superar qualquer desafio.

Participamos da programação do MAR à Tona :: Ocupação, ao lado de diversas outras atrações, como o encontro dos saraus coordenado por Letícia Brito (Slam das Minas). É sempre muito bom poder interagir com essa galera, a gente já havia feito parecido na segunda edição, que rolou em julho no Teatro Popular de Niterói, e deu super certo.


Batalha das Musas no MAR (Foto: Isabella Madrugada)


Na última edição do ano, a Batalha das Musas contou com três vagas abertas para inscrição na hora, preenchidas por HELEN NZINGA, PEKENINA e NATI, além da MC Campeã da edição anterior, CA$HY.

Ao todo treze mulheres já batalharam, desde março até agora... Anotem esses nomes: CA$HY (Bicampeã, vencendo as duas últimas edições), LYA (venceu duas vezes), AIKA CORTEZ e EMANA (Campeãs), AZZY, NATALHÃO, VENTURA, ROOTSCIDADE, LADY CELLA, TREZE. 

Nati mostra desenvoltura no flow. (Foto: Isabella Madrugada)

No ano de 2017, foram no total seis edições: estreia no Museu do Ingá, na sequência, duas edições no Teatro Popular Oscar Niemeyer, uma edição em parceria com o projeto Roda Cultural Conexão Favela & Arte, na quadra da Escola de Samba Souza Soares, em Niterói. 

Em novembro, mês em que se comemora o Dia Mundial do Hip Hop, a Batalha das Musas estreou na cidade do Rio, com duas edições, a convite do MAR - Museu de Arte do Rio, localizado na na Praça Mauá (zona portuária), bem próximo à região conhecida como "A Pequena África", lar histórico da comunidade afro-brasileira.

Helen Nzinga participa pela primeira vez na Batalha das Musas. (Foto: Isabella Madrugada)

É sempre importante conhecer o lugar onde pisamos, isso faz parte da cultura de rua. fica a dica... procure saber mais sobre a história da sua comunidade... muita coisa pode ter acontecido nos lugares onde você passa todos os dias, e vale refletir a respeito do que estamos fazendo, por que e onde...

Pekenina chega na Final. (Foto: Isabella Madrugada)

Ironicamente, antes de começar a Batalha das Musas, passou em frente ao MAR - Museu de Arte do Rio, no lado oposto da Praça dos Museus, um grupo de pessoas marchando com um som muito alto e discursos contra a ideologia de gênero. Em um primeiro momento, ficamos apreensivas com o risco de conflito no som, mas o caminhão passou seguindo pela Av. Rio Branco. A Batalha das Musas entende a questão como um desdobramento da sociedade machista, portanto, repudiamos qualquer tipo de preconceito de gênero.

Samantha Zen e a DJ Andrea Mafer na Batalha das Musas #6 (Foto: Isabella Madrugada)

Lembramos que o preconceito de gênero promove o mesmo ódio que está matando lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT's) no Brasil e no mundo. Trabalhamos com o público jovem, e o gênero é o maior motivo de discriminação nas escolas brasileiras, expondo os adolescentes até mesmo ao suicídio. Vale também ressaltar que o preconceito contra as lésbicas continua acontecendo, e dentro e fora de casa, e, como consequência, isso acaba refletindo negativamente na saúde física e mental de muitas mulheres. O preconceito impede o acesso a direitos, além disso, mulheres LBT sofrem maior risco de violência. Uma vida livre de violência e de discriminação é um direito de todas as mulheres. E você? O que pensa sobre esse assunto? O que existe por trás dos preconceitos de gênero?

Para acessar informações sobre o tema Violência contra mulheres lésbicas, bi e trans, indicamos o link.

Agora de volta à Batalha das Musas, que está se tornando cada vez mais um ponto de encontro de mulheres ligadas à cultura Hip Hop e a cultura de rua em geral. O propósito da Batalha das Musas, além de celebrar a alma, a mente e a voz feminina, é levantar reflexões sobre as verdades que cada uma de nós deseja ou sonha pra si no mundo. Para isso, questionamos os papeis sociais de gênero e a divisão sexual do trabalho na contemporaneidade. No bom papo reto, colocamos em questão tudo aquilo que esperam de nós. Agora, não seria possível para nós se não fosse feito por mulheres... Considerando isso, convidamos algumas das precursoras da cultura Hip Hop no Rio de Janeiro.

O Troféu Arte da sexta edição foi personalizado pela grafiteira Aila, e dedicado à Negra Rê, ambas pioneiras do Hip Hop no Rio de Janeiro. Confira a entrevista com Aila para o nosso blog no link.

Troféu Arte da Batalha das Musas #6 personalizado por Aila e dedicado à Negra Rê. (Foto: Isabella Madrugada)


Fico realmente feliz em poder contar com a rapaziada voluntária na BEM - Biblioteca Engenho do Mato, que se revezou comparecendo nas edições da Batalha das Musas, Carolina Santiago, Ana Clara Costa, Maria Elisa Pimentel e família... nosso carinho especial também ao artista plástico e Sérgio Odilon, que apoiou com o Troféu Arte da Batalha das Musas em quatro edições, além de contribuir sempre com ideias e fotos incríveis... muito obrigada!

Cerca de 100 livros da BEM - Biblioteca Engenho do Mato  foram disponibilizados para doação. A iniciativa é uma parceria com o projeto BEM Itinerante. Em menos de duas horas no sábado, durante a apresentação da Batalha das Musas, foram doados mais de 50 livros da BEM Itinerante. E tudo foi registrado pelo olhar atento da fotógrafa Isabella Madrugada.


BEM - Biblioteca Engenho do Mato Itinerante (Foto: Isabella Madrugada)

A Batalha das Musas #6 aconteceu por chaves sorteadas da seguinte forma:

1ª ..... Helen Nzinga X Cashy
2ª ...... Nati X Pekenina
Final: Pekenina X Cashy

Logo na primeira chave, o duelo começou no beatbox com MC Garcia (que participa da equipe de produção da Batalha das Musas). "O que a rua me ensinou"... "meu padrão eu mesma faço"... "respeito às pioneiras"... foram alguns dos temas da edição. Helen Nzinga e Nati tiveram bom desempenho, mas a plateia decidiu: Cashy e Pekenina na Final. As MC's rimaram com desenvoltura, levando o duelo para o terceiro round. Na hora das decisões finais, Cashy (São Gonçalo) acabou saindo Bicampeã da Batalha das Musas!

Foto: Isabella Madrugada


Com o resultado, se a gente fizesse um ranking da Batalha das Musas 2017 ficaria assim:

Edição #1
Data: 11/03
Local: Museu do Ingá
Campeã: Lya
Vice: Azzy

Edição #2
Data: 07/07
Local: Teatro Popular de Niterói
Campeã: Aika
Vice: Lya

Edição #3
Data: 25/08
Local: Teatro Popular de Niterói
Campeã: Emana
Vice: Azzy

Edição #4
Data: 18/10
Local: Roda Cultural Conexão Favela&Arte
Campeã: Lya
Vice: Cashy

Edição #5
Data: 04/11
Local: MAR - Museu de Arte do Rio
Campeã: Cashy
Vice: Aika

Edição #6
Data: 02/12
Local: MAR - Museu de Arte do Rio
Campeã: Cashy
Vice: Pekenina

As seis MC's mais bem pontuadas na Batalha das Musas 2017 seriam:

  1. Cashy ............................................................................................... 37pts
  2. Lya ................................................................................................... 37pts 
  3. Aika .................................................................................................. 22pts
  4. Emana ............................................................................................. 15pts
  5. Azzy .................................................................................................14pts
  6. Pekenina ...........................................................................................07pts



E assim a Batalha das Musas encerrou esse primeiro ciclo, mas esperamos fazer muitas edições ainda! Antes de terminar, gostaria de mandar um salve para o incentivador Wallace de Deus, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense/Produção Cultural), que foi diretor do Museu do Ingá, e acreditou na Batalha das Musas, antes mesmo de existir o projeto. Quem também levou fé na ideia, Eunice, Mirella, Bárbara, Luiza, Júlia e toda a equipe do MAI - Museu de Arqueologia de Itaipu. 

Nosso respeito às mais de 150 rodas culturais do estado do do RJ, gratidão por existirem... Que movimento poderoso! Renata Maria (Roda Cultural do Largo da Batalha), Silvano MC Marciano (Roda Cultural da R.O), Cogu (Roda Cultural do Engenho do Mato), Nathália D'Lira (Festival de Rap e Cultura de São Gonçalo), Nuno DV (Batilha no Gogó), de alguma forma vocês ajudaram... Quem ganha é o Hip Hop!

Agradecimentos: Gabriel Moreno, Bruna Camargos e toda a equipe do MAR, Ton Moreira, Samantha Zen, DJ Andrea Mafer, todas as MC's que batalharam nessas primeiras seis edições, também gostaríamos de agradecer a cada pessoa que colaborou de alguma forma para o desenvolvimento da Batalha das Musas, salve para a equipe do Museu do Ingá, salve pra Thayza de Oliveira Gomes, Alexandre Santini e equipe do Teatro Popular Oscar Niemeyer, Raphael Campagnac, Pericão, DJ Glk e o time brabo da Roda Cultural Conexão Favela & Arte, Reginaldo Jr, BEM+, Rootscidade, em particular, gostaria de agradecer também a pessoas que torceram a favor, Tânia Vieira, Priscila Cardoso, Milton Pereira, MC Garcia, Rôssi Alves, Yasmin Lírios, Thiago Monge, Felipe Blunt, Aila, AP Stelling, Mika Mikaelli, Negra Rê, MC Cogu, Juliana Nascimento, Maria Eduarda Santos, João Jardim... Um salve para toda galera que acompanha, curte, comenta e compartilha, máximo respeito a cada mulher pioneira no Hip Hop, licença às mais novas também, em 2018 estaremos de volta!   

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