Troféu-Arte da Batalha das Musas no MAR dialoga com a música "A novidade" de Gilberto Gil

Troféu-Arte Batalha das Musas (Foto: Sérgio Odilon)

O Troféu-Arte da próxima edição da Batalha das Musas, que será realizada no sábado (04/11) no MAR - Museu de Arte do Rio, é uma homenagem do artista plástico Sérgio Odilon ao mar, que está diretamente ligado ao sagrado feminino. A sereia carrega o arquétipo que representa a união da Grande Mãe com a água, e esse elemento simboliza os sentimentos, a intuição, as emoções... Por isso, nas histórias onde elas aparecem há quase sempre paixão, amor desenfreado.

O enigmático Troféu-Arte também dialoga com a música "A Novidade" de Gilberto Gil. A sereia black power foi inspirada na canção de Gil...



Na letra, Gil pinta um quadro surreal, e levanta uma série de reflexões, por exemplo, sobre a desigualdade social e sobre a guerra, podendo ser interpretada como a guerra que se tornou o grande elemento mobilizador das massas, num tempo em que as regras do mercado capitalista teriam transformado as obras de arte em mercadoria.



A novidade



"A novidade veio dar à praia

Na qualidade rara de sereia

Metade, o busto de uma deusa maia

Metade, um grande rabo de baleia



A novidade era o máximo

Do paradoxo estendido na areia

Alguns a desejar seus beijos de deusa

Outros a desejar seu rabo pra ceia



Ó, mundo tão desigual

Tudo é tão desigual

Ó, de um lado este carnaval

Do outro a fome total



E a novidade que seria um sonho

O milagre risonho da sereia

Virava um pesadelo tão medonho

Ali naquela praia, ali na areia



A novidade era a guerra

Entre o feliz poeta e o esfomeado

Estraçalhando uma sereia bonita

Despedaçando o sonho pra cada lado



Ó, mundo tão desigual

Tudo é tão desigual

Ó, de um lado este carnaval

Do outro a fome total"



(Gilberto Gil)



A prática do consumo de "produtos culturais" fabricados em série teria transformado a obra de arte em "arte sem sonho", onde adormecem a criatividade, a consciência, a crítica, como observam Adorno e Horkheimer. Isso tem a ver com a conversa "Mulheres na Produção da Democracia Cultural" que irá acontecer no sábado, antes da Batalha das Musas. Um dos gatilhos da conversa é a seguinte pergunta: É possível falar em democracia cultural?



No livro "Simulacro e poder - Uma análise da mídia", Marilena Chaui aponta que "a arte não se democratizou, massificou-se e transformou-se em distração e diversão para as horas de lazer".


Imagem: Carnaval de Salvador / Reprodução

É importante refletir sobre essa questão. A Batalha das Musas busca, por meio da arte, compreender, criticar e ajudar a propor outro futuro. Por isso, naquilo que estamos fazendo há muita força de conhecimento.


Sobre o evento: o MAR à tona é uma plataforma de debates e promoção da diversidade das culturas urbanas do Rio de Janeiro. Na edição do dia 04 de novembro (sábado), o encontro tem como foco a ação das mulheres na produção da democracia cultural.  



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